Friday, April 28, 2006

Allen e seus irmãos.

Ontem, Match Point.
Hoje, Hanna e suas irmãs.
É incrível, mas tudo começou com A Era do Rádio. Embora na verdade tenha começado mesmo com Poderosa Afrodite. Foi a Mira Sorvino que me apresentou Allen. E minha relação com A Era do Rádio, é uma reconstrução na memória a partir daquele coro grego maravilhoso de Afrodite. Mas todas as neuroses que se catalisaram ali, nestes dois momentos iniciais. O do relógio, do tempo abstrato e o subjetivo, do tempo vivido (que depois resignificou o do tempo abstrato), se reapresentam nestes dois filmes. O que está no cinema agora e o que eu vi em casa hoje.
Uma vida com e sem ambições; abandona-se aquilo que nos torna únicos, porque não nos torna únicos, mas pelo quê? Por uma garrafa de vinho de 200 dolares. E quem pode nos culpar? Deus?! Ele morreu. A bola e o anel, podem cair para o lado errado, o upstart depende delas, tanto quanto de sua audácia de seguir as paixões. De vencer uma paixão em nome de outra. E no final, o que sobra? Uma esposa grávida, bebês...
E se parece irracional, é porque é milimetricamente planejado para que pareça. A contingência é planejada e estruturada, como uma neurose do universo.
O jogo das irmãs resulta num bebê improvável - a única real impossibilidade, a única fortuna. O jogo dos cunhados, termina com a morte. Tres morrem, para que uma filha da burguesia tenha uma família completa. Como se o sentido nascesse da contingência, quando na verdade é a contingência que nasce do sentido.
Mas o que resta mesmo no final, sempre é aquele som inicial, um jazz saindo do rádio. Por isso é nele que tudo começou.

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