Sunday, July 16, 2006

Mage: The Ascension

Já se perguntaram o quanto as nossas vidas são subordinadas à lógica da mercadoria? É impresionante o que se descobre se você para um instante da sua rotina para observar certos movimentos da sua vida comandados por esta lógica. Eu gosto muito de RPG. Um dos meus jogos preferidos é Mage. Há toda uma filosofia, uma metafísica, conformando uma empolgante metáfora para a opressão da modernidade, em um jogo de interpretação de papéis. Quanto mais o jogo pode se desenvolver neste sentido, melhor.

Quanto mais o jogo se desenvolve no sentido de seres humanos com poderes místicos, enfrentado seres espirituais e Deuses celestiais, num maligno plano milenar - a outra faceta de Mage, que é a que permite inserí-lo no resto do world of darkness - pior.

Não preciso dizer que a grande maioria dos suplementos segue o segundo sentido. No entanto, sem problema eu mestro minha crônica, pego o que tem de interessante nos cenários prontos e sigo em frente. Mas é extremamente frustrante - um verdadeiro freio criativo - quando se vai numa loja de livros de RPG. Os poucos suplementos que poderiam realmente adicionar criatividade e elementos novos ao jogo estão caríssimos. E, por outro lado há uma inundação de livros e suplementos inócuos, também caríssimos, que com certeza estão lá só para aumentar os lucros da White-Wolf. A sensação de entrar na Devir é de uma frustração imperiosa, o famoso pêndulo de Schopenhauer se aplica na elucidação desta sensação: seres humanos são criaturas de desejo e frustração, eu desejo o livros, eu desejo suplementos. Eu compro os livros, os livros são uma porcaria, eu me frustro. ficamos numa eterna vai e vem entra o desejo ardente e o tédio do pós-coito consumista.

Eternamente na busca da inspiração inicial que o primeiro livro, o módulo básico de Mage me deu. Magos lutando contra uma realidade com regras opressoras, que existem apenas e somente para manter a ordem, a Ordem. E nada mais, pois a ordem é a expressão máxima daquilo que existe, daquilo que é humano. Um jogo de Mage tem de se colocar contra isto. Como? Começa em não utilizar a mitologia Exalted como pano de fundo. Ela estraga todo o conceito de livre-arbítiro no jogo. Em segundo, FODA-SE os suplementos e a cronologia oficial. Em terceiro, Subverter os elementos do jopgo ao favor da história contra a ordem - não o contrário, de forma que a experiência de livre-arbítrio dos personagens seja real. Quarto, balancear as forças dos personagens com a dos antagonistas, sabendo as implicações que um desequilíbrio trará ao enredo; se não é um enredo de hack n´slash místico, nem de intrigas de corte de personagens padrão-da-editora, e sim, de como romper o sistema, isso significa que não deve importar quem é o mais poderoso, mas sim o que torna a história mais humana.

Por causa da frustração, faz mais de um ano que não mestro.

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